domingo, 2 de maio de 2010

O mito da viola sertaneja!

“Quem não gosta de viola não põe o pé lá em casa…” Com esses versos iniciamos a história de uma lenda da música sertaneja.

Criado numa fazenda nos arredores de Araçatuba, interior de São Paulo, José Dias Nunes, conhecido pelos rincões desse Brasil pelo codinome Tião Carreiro, começou a tocar violão ainda pequeno, com 8 anos de idade, quando também já cuidava do arado e dos afazeres na roça.

Aos 13 anos de idade já arranhava a viola caipira, instrumento que fez dele um mito. Autodidata, trabalhava no Circo Giglio, onde cantava em dupla com seu primo Waldomiro na dupla Palmeirinha & Coqueirinho.

Aprendeu o danado instrumento decorando a afinação da viola da dupla Tonico & Tinoco, que se apresentaram com o circo Giglio em Araçatuba numa bela tarde de outono. Por esquecimento, Tinoco deixou a viola no circo e foi descansar no hotel. Tião não perdeu tempo e decorou as notas, uma a uma, para depois copiar em seu instrumento.



Tião Carreiro estreou em disco em novembro de 1956 (um bolachão de 78rpm que trazia "Boiadeiro Punho de Aço", no lado A, e "Cavaleiros de Bom Jesus", no B, cantando com Pardinho, que também respondia pelo nome de batismo Antônio Henrique de Lima, ex-trabalhador braçal e cantor de horas vagas que ele conheceu no circo Rapa Rapa, na cidade de Pirajuí (SP). No início, adotava ainda o nome de Zé Mineiro, passando a seguir para João Carreiro. O batismo definitivo veio por sugestão de Teddy Vieira, então diretor da RCA Victor e parceiro de Tião em alguns dos principais sucessos da dupla.

Tião Carreiro era inconformado, estava sempre procurando novas formas de tocar a viola, foi aí que inventou um ritmo diferente, em que a viola batia cruzado com o violão, numa mistura de recorte do catira lento com o recortado mineiro mais expressivo. O ritmo é conhecido até hoje como “pagode de viola”.

Tião também aprimorou o estilo de cantar em dupla. A segunda voz que é a mais grave era colocada com mais destaque do que a primeira. Estilo que depois foi seguido por várias duplas.

Tião Carreiro se foi como os grandes mestres, antes da hora, vítima de complicações advindas da diabetes que lhe consumiu lentamente, sem compreender a dimensão e o alcance de seu trabalho. Porém conseguiu o que todo artista sonha – compôs com os melhores letristas, tocou seu instrumento como poucos e cantou como ninguém, era um músico completo.

Então você me diz, cheio de infâmia, que gosta mesmo é de sertanejo universitário, que essas músicas velhas não estão com nada… Auto lá, caro leitor desavisado… Os chamados sertanejos universitários são os responsáveis por trazer à tona mais uma vez o nome de Tião Carreiro.

Tudo começou com a dupla César Menotti e Fabiano, que percorria os bares e casas de show da capital mineira tocando viola e violão e entoando canções de antigas duplas, como Milionário & José Rico, Trio Parada Dura e Tião Carreiro & Pardinho…

Depois deles vieram os também mineiros Victor & Léo, os goianos Jorge & Mateus, João Bosco & Vinicius e os garotos prodígios Maick & Lian, com suas vozes graves e viola bem tocada. À partir daí a coisa tomou proporções inacreditáveis. Hoje até mesmo os fãs mais jovens do novo sertanejo se surpreendem cantando versos como “Eu mais a minha muié fizemos cumbinação, eu vou no pagode, ela não vai não… Sábado passado fui ela ficou, sábado que vem ela fica eu vou…”

Portanto, não me venha dizendo que não conhece esse figurão de bigode estilo ‘engoli um pardal’ e chapéu de aba larga, com pinta de caipira… Com toda certeza você já ouviu uma canção composta por ele. Você pode até não saber, mas já ouviu…



Uma dica do Só Para mulheres: na próxima vez que for a um show de uma nova dupla sertaneja, tipo João Neto & Frederico, ou Hugo & Thiago, e quiser impressionar aquela gatinha vestida de cowgirl, diga que adora quando as novas duplas tocam versões de canções do grande Tião Carreiro… Vai por mim…

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